PROJETO MARINA VIVA
O projeto marina viva é uma iniciativa do Yacht Club de Ilhabela em parceria com a Universidade Federal do ABC e o Centro de Biologia Marinha da USP que tem como objetivo compreender as alterações promovidas pela construção da marina do Yacht Club na dinâmica das comunidades costeiras, principalmente dos organismos incrustantes que crescem nas laterais das plataformas; dos peixes e tartarugas que utilizam as construções como abrigo e os animais nas plataforma como alimento.
O projeto começou há aproximadamente 9 anos e teve inicialmente como objetivo conhecer as espécies que compõem a fauna local. A partir desses dados iniciais foi observado que há uma grande diversidade de organismos sésseis e peixes, e que grande parte desses são animais exóticos (não pertenciam ao ecossistema local). Foi verificado também que algumas espécies nativas abundantes nos costões rochosos próximos não ocorrem na marina. Portanto as comunidades são distintas daquelas encontradas em substratos naturais.
Foi observado nos últimos anos um aumento da cobertura do coral-sol, espécie exótica bastante nociva para a biota nativa. Entretanto essa parece estar restrita ao substrato artificial dentro do canal de São Sebastião. A predação exercida por peixes sobre as comunidades nas plataformas tem grande importância para controlar o crescimento da incrustação, por isso a recomendação de continuar a proibição de pesca na região, uma vez que tal atitude deve diminuir os custos associados com a degradação das plataformas e com a manutenção dos cascos de barcos.
A partir das espécies encontradas foi isolada uma substância química com grande potencial para o tratamento de leshimaniose reforçando a importância desse tipo de pesquisa básica.
Atualmente, uma vez que os pesquisadores têm um entendimento básico do funcionamento, começam a testar alternativas simples para a construção das plataformas para fazer com que as comunidades crescendo nesse substrato artificial se assemelhem mais com as de substrato natural.
Isso permitiria atender as demandas econômicas e sociais minimizando o impacto nos ecossistemas costeiros.
Até o momento 9 artigos científicos foram publicados com resultados obtidos no YCI e mais 4 já estão submetidos para publicação. Quatro mestrados, dois doutorados e três iniciações científicas foram desenvolvidos a partir de dados que foram coletados nas dependências do YCI e atualmente três mestrados e uma iniciação científica estão no seu estágio inicial para testar estratégias que minimizem os impactos de construções artificiais nos ecossistemas costeiros.
Para o diretor de meio ambiente e sustentabilidade do YCI, Julio Cardoso, “é muito importante que o Yacht Club de Ilhabela incentive estes estudos porque tem uma marina com características únicas na região e se beneficia das informações de alta qualidade científica geradas. Isso nos permite orientar nossas condutas de sustentabilidade e monitorar o impacto, que por hora é positivo, no ecossistema do entorno.
Importante ressaltar o apoio do comodoro José Luiz Gandini, e dos antecessores, que compreenderam sempre a importância destes estudos“, completa Julio.