A orca macho (Orcinus orca) avistada em 1993, no Rio de Janeiro, e que foi fotografada recentemente em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, vai passar a ser chamada de Almirante. O nome escolhido em votação num grupo de avistamento de baleias e golfinhos, no Facebook, homenageia um gigante da conservação: Ibsen de Gusmão Câmara, o decano do ambientalismo brasileiro.
Há 16 dias, um grupo com oito orcas foi fotografado pelas pesquisadoras Monique Tayla e a Amanda Fernandes, do Instituto Argonauta para a Conservação Costeira e Marinha de dentro do Ballerina, a lancha Ferretti 530 usada no projeto “Baleia à Vista” para fazer o monitoramento de Cetáceos no litoral norte de São Paulo. As fotos foram enviadas para Liliane Lordi, do Projeto Baleias & Golfinhos, do Rio de Janeiro, e a fotografia de um macho chamou atenção: ela já o tinha visto antes.
O contorno da parte posterior da nadadeira dorsal do macho era bem particular e Lodi confirmou suas suspeitas olhando o arquivo do projeto: o animal havia sido fotografado em setembro de 1993, no Rio de Janeiro, pela pesquisadora Bia Hetzel.
Após a descoberta, foi aberta uma votação para escolha do nome na página no Facebook “Onde estão as Baleias e Golfinhos?”, canal dedicado à ciência cidadã. O nome mais votado foi o Almirante, como agora será conhecido o golfinho que passeia há pelo menos 24 anos por águas brasileiras.
Ambientalista numa época que quase ninguém falava sobre meio ambiente, o Almirante Ibsen de Gusmão Câmara, acumulava em seu currículo grandes feitos pela conservação do país: liderou a campanha contra a caça de baleias no Brasil e teve papel de destaque na criação da Reserva Biológica Atol das Rocas (1979), do Parque Nacional Marinho de Abrolhos (1983), e do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (1987). Em São Paulo, participou da luta pela criação do Parque Estadual Carlos Botelho, localizado em São Miguel Arcanjo.
Texto de Daniele Bragança do site O Eco