Alcatrazes enfim protegida

Finalmente, após mais de 25 anos de lutas e campanhas por parte dos ambientalistas e da comunidade náutica em geral e da vela em especial, o governo federal aprovou a proposta desenvolvida pelo ICMBio com o apoio da Marinha do Brasil, para a criação de uma ampla Unidade de Conservação Marinha no arquipélago de Alcatrazes.

O Presidente em exercício, Michel Temer, assinou o decreto no dia 2 de agosto e criou o Refúgio de Alcatrazes ,uma Unidade de Conservação Integral da categoria Refugio de Vida Silvestre (Revis).

Sendo uma unidade de proteção integral ela permitirá visitas e mergulho contemplativo. Proíbe a pesca de todo tipo e a exploração de recursos naturais em sua área, que abrange basicamente a Área Delta atualmente indicada nas cartas náuticas.

Velejadores contornam o arquipélago de Alcatrazes – Foto Edu Grigaitis/Balaio

Importância do Arquipélago

Alcatrazes tem grande importância para a preservação da biodiversidade marinha em nossa costa, pois se formou no final da ultima idade do gelo, cerca de 9000 anos atrás, quando o mar se elevou e separou o atual conjunto de Ilhas do continente.

Em todos estes anos muitas espécies de plantas, serpentes e batráquios se desenvolveram de forma diferente das do continente e se tornaram endêmicas no local.

No arquipélago existe o maior ninhal de fragatas do Atlântico Sul, com mais de 8000 delas vivendo e procriando no local, que é também um ponto importante de parada de aves oceânicas migratórias.

Baleias, golfinhos e tartarugas vivem e frequentam as águas ao seu redor, muito ricas em peixes residentes e de passagem.

Regras precisam ser criadas

Os velejadores que participam da Regata Alcatrazes na Semana de Vela de Ilhabela há muitos anos conseguem observar essa maravilha de perto e em breve, quando as visitas e os mergulhos forem regulamentados pelo Plano de Manejo a ser aprovado para o Refugio, toda a comunidade náutica do Brasil poderá ter esse privilégio!

Kelen Leite, do ICMBIO,chefe da Estação Ecológia (ESEC) Tupinambás e que devera acumular a chefia do novo Refúgio, informa que, enquanto o plano manejo não for finalizado e aprovado,o que ainda pode levar certo tempo, nada muda :

“Toda a chamada área Delta de navegação identificada na carta náutica em torno do arquipélago e que hoje se tornou a área do Refúgio tem proibição de pesca e as atividades de visitação e mergulho só vão ser iniciadas apos a definição do Plano de Manejo. Assim é muito importante que todos já respeitem as normas em vigor”.

Kelen Leite. Gestora da ESEC Tupinambás. Foto: Aline Bassi.

Gestão Compartilhada

O Decreto de criação do Refúgio define que a gestão da nova unidade será feita pelo ICMbio em colaboração com a Marinha do Brasil e a atual chefia devera acumular tanto a gestão do novo Refugio, como a da Estacão Ecológica Tupinambas, que continuará existindo na sua configuração atual.

Da mesma forma que a atual ESEC, a nova Unidade terá, também, um Conselho Consultivo com a participação de órgãos públicos e da sociedade civil, lembrando que o Diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade do YCI, Julio Cardoso é membro do atual Conselho da ESEC:.
“Agora teremos um bom trabalho pela frente para a finalização do Plano de Manejo do Refúgio de Alcatrazes, mas o importante é que ele está criado, já tem uma base e estrutura legal em vigor. Toda a comunidade náutica esta sendo convocada para dar apoio e sustentação, para que possamos atingir os objetivos de preservar Alcatrazes para as gerações futuras e ter a oportunidade de, uma vez regulamentado os detalhes do Plano de Manejo, ver de perto em toda sua exuberância, esse verdadeiro patrimônio ambiental do litoral norte paulista “., conclui Julio Cardoso.

Quem quiser saber mais sobre este verdadeiro paraíso ecológico pode consultar aqui o site do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, ICMbio, que publicou recentemente uma matéria bastante completa sobre o tema, o histórico dos movimentos de preservação e estudos da biodiversidade da região

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