Observar baleias é um exercício de paciência. Principalmente se a espécie em questão for uma Bryde (Balaenoptera edeni), conhecida pela discrição. O borrifo denunciando a presença de uma apareceu no horizonte, perto do farol da Ponta Grossa, em Ilhabela (SP), no litoral norte do estado, por volta das 16h40 do dia 14 de setembro. Havia um cardume perto, indicado pelos mergulhos rasantes de atobás (Sula leucogaster) e trinta-reis-de-bando (Thalasseus acuflavidus) na água. Em local de avistamento de baleias, cardume reunido é indicativo de presença de Cetáceos, já que a presença deles é sinônimo de alimento para elas.
“Ali, na direção 10 horas”, diz Wagner, capitão da Ballerina, a lancha Ferretti 530 usada no projeto “Baleia à Vista” para fazer o monitoramento de Cetáceos no litoral norte de São Paulo. Usar o ponteiro das horas como direção no mar é costume antigo que se mantém pela simplicidade: a proa, parte da frente do barco, é o marco 12 do relógio e a popa, parte traseira, é o marco 6. Basta fingir que a direção é um relógio analógico para saber qual lado olhar quando alguém grita 10 horas.
O que não é tão simples é enxergar a “pegada da baleia”. As ondinhas geradas pela batida da barbatana na água deixam uma marca. É a pegada que olhos treinados enxergam com facilidade.
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